CXNobre

Estados de Espirito

Desconfiados...

Estava a ler a revista do jornal Sol, quando no artigo "viver para contar" de António José Saraiva, vi o titulo: "Quando os pais desconfiam dos filhos, eles habituam-se a mentir para os enganar; isto gera um ciclo vicioso de desconfiança".
Na realidade a desconfiança é um mal que afecta muita gente e é realmente mau. Segundo uma sondagem, citada neste artigo, os portugueses são um dos povos mais desconfiados da Europa.
Se nós virmos bem o que se passa no nosso dia-a-dia, somos realmente desconfiados. Não há nada que seja feito que tenhamos uma crítica de desconfiança. Se alguém nos diz alguma coisa, ficamos de pé atrás. Se for boa, só pode ser mentira, se for má, então deve ser exagero.
Mas onde é que a desconfiança nos leva? A mentir, sem margem para duvida. Sim porque não são só os outros que são desconfiados. Nós também somos. Podemos dizer que somos desconfiados porque não nos dão razão para confiar. Mas ao termos esta atitude vamos criar desconfiança nos outros. E como somos desconfiados, mentimos para que não desconfiem... mas como mentimos, também sentimos que os outros também nos mentem e... desconfiamos.
Este ciclo não pára. E depois como vivemos num ambiente de desconfiança e de mentira, somos inquisidores. E isto não pára.

"... se nos aparece à frente uma pessoa que está sempre a desconfiar de nós, que não acredita em nós, que testa tudo aquilo que lhe dizemos - o que nos apetece fazer? Naturalmente, engana-la. Se ela não acredita no que lhe dizemos, de que vale dizer-lhe a verdade? Ora isto também é válido para aqueles de quem desconfiamos. Se não confiamos neles, eles tenderão a enganar-nos"

Sentimos todos os dias esta situação. Alguém acredita que nas nossas profissões exista alguém verdadeiro... Não, e desconfiamos. O comercial é o tipo que nos engana para nos vender alguma coisa, o técnico engana-nos porque não sabe o que faz, o colega engana-nos porque quer o nosso lugar e brilhar junto ao chefe, ..etc ... etc.

Mas será que todo o mundo é mentiroso e desconfiado, ao mesmo tempo. E se dissermos que o que afirmamos é a verdade. Aí tudo o mundo desconfia.

É um processo sem fim.

Mas eu não quero contribuir para este circo. Claro que estão desconfiados... Mas também não sou naif o crédulo. Lá estão outra vez a desconfiar....
Existe sempre um equilíbrio possível, e temos que correr riscos e dar sempre uma oportunidade, não sendo DESCONFIADO.

Nesse mesmo artigo, o José António Saraiva descreveu sublimemente aquilo em que acredito e pratico:
"Nas relações com as crianças é muito fácil testar este tipo de reacções. Tive sempre com os meus filhos uma relação de confiança. Por principio acreditava no que me diziam. Claro que às vezes percebia que não estavam a dizer-me a verdade. Os miúdos raramente dizem sempre a verdade. Mas eu fingia acreditar neles. E sentia que eles ficavam com problemas de consciência. Se eu lhes dissesse: «Isto é mentira! Diz-me a verdade ou ficas de castigo» eles provavelmente ficariam na sua e até se vangloriariam de ter enganado o pai. Mas como eu aparentemente acreditava, sentiam-se desarmados ... e culpados. E em diversas ocasiões acabaram por me dizer mais tarde: «Pai, eu disse-te aquilo mas não era verdade». E assim foram-se habituando a ser verdadeiros"

Acreditem (não desconfiem...) que funciona. E não só com os filhos, sempre funcionei assim, e tive inclusive um caso profissional, que fui claramente enganado por um colaborador. Mas não tive que fazer muito para resolver o caso. Quando soube que descobri a mentira, e que tinha confiado nele e que me tinha enganado, despediu-se envergonhado.

Mas o melhor resultado de ser assim, é que compensa e conseguimos ser mais felizes, pois não andamos com uma cruz em cima de nós, sempre a olhar sobre o ombro para não sermos enganados.

1 comentários:

O Santo disse...

Caro amigo cxnobre.
Já tinha reparado que você era desconfiado.
Este post fez-me reflectir. Efectivamente anda meio mundo a enganar a outra metade e eu fico sempre nessa outra. Provavelmente porque não sou tão desconfiado assim.
É um facto k gosto da verdade. Acima de tudo a verdade, mas quando me enganam (e não é pouco) não vejo esse tipo de remorsos de que fala. Talvez por isso ou porque não sou perspicaz o suficiente, mas também por uma ou outra é mais facil enganarem-me.
O Santo

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